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Roger

Roger Hodgson: a excelência é perene

 

Daniela Azevedo

Sept 7, 2013

 

Com 71 anos de idade e mais de 50 de carreira, José Cid é já um veterano da música portuguesa e sucessos não lhe faltam para preencher quase uma hora de música na abertura da edição deste ano do Festival ERP Remember Cascais, que começou hoje no Hipódromo Manuel Possolo.

 

Embora muitas vezes se indigne com esta ou aquela atitude de algum fã mais incauto, desta vez José Cid até desafiou a plateia a tirar fotografias, «filmes e essas coisas todas que vocês fazem com os vossos telemóveis e ipads e ponham no Youtube a dizer que estiveram com o José Cid em Cascais». Temos que reconhecer que se trata de um dos artistas que mais tem sustentado a sua carreira nas actuações ao vivo.

Esta foi a noite em que as vergonhas ficaram para trás das costas e ninguém se negou a cantar temas como '20 Anos', 'No Dia Em Que o Rei Fez Anos', 'Nasci Para a Música' ou 'Um Rock Dos Bons Velhos Tempos', sendo que, ao ver José Cid em palco, simpático e afável para com o público, apetece dizer o cliché: "velhos são os trapos". O segredo dos seus espectáculos passará, não só, pela empatia que se gera entre o público quando sabe perfeitamente que aquelas melodias rodaram várias vezes em discos de vinil da década de 70 e 80, mas também pela banda de créditos firmados de oito músicos que o acompanham. José Cid apresenta mesmo o seu guitarrista como «um dos melhores do mundo».


O concerto focou-se nas canções de sempre, animadas, onde não podia faltar o festivaleiro 'Um Grande Grande Amor', que marca a nossa participação na Eurovisão em 1980, e o brincalhão 'Como o Macaco Gosta de Banana', mesmo a fechar.

 

Apesar de alguma apatia que, inicialmente, o público acusou, a sensação de ouvir os Level 42 neste festival foi boa porque parecia que tínhamos sido convidados para uma festa na qual eram eles os responsáveis pelo som. A marca dos anos 80, apesar de alguns receios de que os Level 42 não fossem capazes de a imprimir aos dias de hoje, está, indubitavelmente lá e eles estão firmes. A chama voltou a acender-se com canções como 'Running In The Family', 'The Sun Goes Down', 'Something About You' e o "popeiro" 'Lessons In Love' que conseguem trazer de volta quem já se perdia na fila para uma bebida, uma fartura, ou até mesmo para a casa de banho «antes que comece a enchente». 

 

Mas não estava tudo visto. Longe ainda estava a hora de encerramento desta primeira noite de ERP Remember Cascais que, diga-se, já tinha o ponteiro pequeno do relógio em cima das 02h00 quando a música de palco desapareceu. O cabeça-de-cartaz da primeira noite deste festival trouxe todo o "peso" que o lendário co-fundador dos Supertramp arrasta atrás de si e que de poucos argumentos precisa para convencer os antigos fãs a comprarem um bilhete, cujo investimento será sempre, à partida, valioso.

 

O compositor de clássicos como 'Take The Long Way Home', 'School', 'Lady' e 'Jeopardy' - que já faz parte da sua prestação enquanto músico a solo, deu um concerto... lindo. Não vale a pena fazer recurso a uma adjectivação muito elaborada na tentativa, vã, de aproximar um texto às emoções ali vividas porque tudo no seu concerto, que encerrou a digressão europeia, foi, simplesmente, lindo.


Com uma qualidade sonora a roçar o magistral, como, admitamos, raramente se ouve num festival, canções como 'Dreamer', 'Breakfast in America' ou 'Fools Overture' fazem-nos ter a certeza de que a qualidade nunca ficará datada ou sujeita a um rótulo; é eterna e atinge-nos sempre com a maturidade que diferentes idades permitem. Antes de passar para o piano, o músico lembra a audiência que às vezes é preciso sofrer para se alcançar o amor porque «o amor é o mais importante da vida», e lá vem 'Lover's In The Wind'.



Ao longo das quase duas horas de espectáculo ficamos felizes por verificar que o registo vocal único de Hodgson pouco ou nada perdeu desde os tempos em que liderava a formação dos Supertramp. A sua expressividade não deixou o público "morrer" mesmo durante a interpretação de temas mais calmos que fizeram história nos anos 70. Se fechássemos os olhos, eram os Supertramp que estavam, efectivamente, ali, embora isso não seja indicado já que não é todos os dias que podemos ver o artista em carne e osso.


O sotaque de Roger Hodgson tem tanto de doce british como de contrastante com a decoração exótica de palco, que incluiu palmeiras esvoaçantes. E foi excelente tê-lo ouvido a fazer uma breve introdução praticamente antes de todas as músicas e perceber que é fã de Portugal: «Adoro o vosso país principalmente porque Portugal tem uma bela e rica história e isso sente-se no povo português. Obrigada por nos terem recebido, ainda para mais numa altura em que sabemos que vocês estão a passar por dificuldades».

Quase ninguém fica indiferente ao som dos Supertramp mas também não será menos verdade que pouca gente associava o nome de Roger Hodgson à banda. Lá está: associava. Pretério imperfeito do indicativo. Porque depois desta noite, Roger Hogson vai passar a ser uma referência para o público português. A harmónica deu um som idílico à noite que resultou em público feliz. E se o músico começou por elogiar a nossa história, é de apostar em como também tem acompanhado outros temas da actualidade, como a crescente expressividade que os movimentos de defesa dos animais têm vindo a conquistar. O arrepio e olhos lacrimejantes surgem com 'Death And a Zoo', do seu álbum a solo, já com13 anos, "Open The Door".

 

'The Logical Song', 'Dreamer', 'Give a Little Bit' e 'It's Raining Again' abençoaram o final do concerto + encore e a viagem de regresso a casa dos poucos fãs que resistiram até ao final dos espectáculos, mesmo apesar das muitas investidas por parte do cantor que várias vezes perguntou: «Não estão com sono?», «Não têm que se ir deitar?», «Não estão já fartos disto?». Esta primeira noite de ERP Remember Cascais e, principalmente, o concerto de Roger Hodgson, mereciam ter tido muito mais gente a assistir. Não que fosse um mau público mas não terá enchido nem metade da capacidade do Hipódromo.

 

Este encore permitiu à audiência, que se manteve quase em silêncio numa contemplação absoluta do trabalho que ali esteve a ser feito, saltar, pular e cantar descontraidamente, e lembrar-se de tirar mais umas fotografias, como se fosse, de facto, possível guardar num álbum as emoções aqui vividas.

Para o artigo on-line: Cotonete Magazine

 

 


Cotonete

 

Please note that translated quotes are often not Roger's exact words - this may be a rough translation and the article may contain some inaccuracies.

 

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Roger

Roger Hodgson: Excellence is perennial

 

Daniela Azevedo

Sept 7, 2013

 

Below is the approximate English translation for the portion of the review that is for Roger's show. 

 

 (...) But not everything was seen. Far was still the time of closure of this first night of ERP Remember Cascais, which, had the little hand of the clock on top of the 02:00 when the music on stage disappeared. The head-of-poster of the first night of this festival brought all over the "weight" that the legendary co-founder of Supertramp and that few arguments were enough to convince old fans to buy a ticket, whose investment will always be valuable.  The composer of such classics as "Take The Long Way Home," "School," "Lady," and "In Jeopardy" -which is already part of his performance as a solo musician, gave a concert ... beautiful.

 

It is not worth trying in vain to use very elaborate adjectives to describe the emotions experienced, because everything in his concert, which ended the European tour, was simply beautiful.    With a sound quality bordering on magisterial, as admittedly is rarely heard in a festival, songs like "Dreamer," "Breakfast in America," or "Fools Overture" make us be sure that the quality will never dated or subject to a label; is eternal and reaches us always with the maturity that allows different ages. Before moving on to the piano, the musician reminds the audience that sometimes you have to suffer to achieve love because "love is the most important of life" and here comes "Lover's in the Wind." 

Along the nearly two-hour show we are happy to note that Hodgson has lost little or nothing of his unique vocal register since the days when he led the formation of Supertramp. His expressiveness wouldn't let the audience get silent, even during the quieter songs that made history in the 70s. If we closed our eyes, it was Supertramp who were actually there, although this is not recommended to close our eyes since it is not every day that we can see the artist in the flesh. 

 

Roger Hodgson's accent has both sweet British as well as contrast with the exotic décor of stage, which included fluttering palms.  It was great to hear him do a brief introduction before almost every song and for us to realize that he is a fan of Portugal - "I love your country mainly because Portugal has a rich history and is beautiful, along with the Portuguese people. Thanks for having us, especially at a time when we know that you are going through difficulties." 

 

Almost nobody is indifferent to the sound of Supertramp but it is also true that people often did not associate the name Roger Hodgson.  But after tonight, Roger Hodgson will be the reference for Supertramp for the Portuguese people.  

 

As the musician began by praising our history, there were other topical issues such as the growing expressiveness that animal defense movements have been gaining.   There was a chill and watery eyes from his "Death and a Zoo" from his solo album, "Open the Door." 

 

"The Logical Song," "Dreamer," "Give a Little Bit," and "It's Raining Again" blessed end of concert and the encore.  Fans resisted making the trip back home until the end of the performance.  This first night of ERP Remember Cascais and, mainly, the concert Roger Hodgson, deserved to have had more people watching. Not that it was a bad audience but it did not fill half of the capacity of the Hippodrome (there was a key soccer match that night - Portugal won!). 

 

This encore allowed the audience, which remained almost silent, to dance and sing casually, and to remember to take a few more pictures, as it were, in fact, possible to save in an album the emotions that were experienced tonight.

 

For article online: Cotonete Magazine

 


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